quinta-feira, 4 de julho de 2013

CNI faz devassa nas contas da federação de indústrias do Amapá

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) contratou a PwC, uma empresa de auditores independentes, para realizar uma devassa nas contas e procedimentos da Federação das Indústrias do Estado do Amapá. A federação, que controla o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria no estado, recebe repasses de cerca de R$ 20 milhões por ano das entidades nacionais. A auditoria começou há cerca de um mês, após a direção da CNI ter recebido informações de que sindicatos fantasmas passaram a controlar a federação, desviando dinheiro do caixa da entidade. 
Os problemas coincidiram com a posse, em janeiro deste ano, da nova presidente da federação: Joziane Rocha, que pertence ao principal clã político do estado e, não por acaso, está à frente do Sindicato de Joalheiros e Ourivesaria do Amapá, justamente um dos suspeitos de ser fantasma. Joziane era pouco conhecida no estado até adicionar o sobrenome Rocha, há quatro anos. Tendo como um dos padrinhos o senador José Sarney, do PMDB do Amapá, Joziane casou-se com Rosemiro Rocha, um dos mais notórios representantes do clã Rocha de políticos amapaenses. O expoente máximo do clã é primo de Rosemiro: o deputado federal Sebastião Bala Rocha, do PDT. A partir de 2009, Joziane passou a frequentar as melhores festas de Macapá e a aparecer ao lado de figuras importantes da política do estado, como Bala Rocha - que leva “Bala” no nome por ter sido, segundo ele mesmo, ligeiro nos gramados de futebol quando criança -, o governador Camilo Capiberibe, do PSB, e o senador Randolfe Alves, do PSOL. “Não lembro dela (Joziane) antes de ter se casado com o Rosemiro”, afirmou o senador Randolfe Alves.
Sob a influência dos primos Rocha, Joziane assumiu a presidência do Sindicato de Joalheiros e Ourivesaria do Amapá em 2009, mesmo ano do enlace com Rosemiro. O sindicato de Joziane não tinha empresas filiadas por um motivo simples: só havia ourives artesanais e informais no Amapá. Nada de indústria. Ainda assim, com a ascendência de Bala Rocha no Ministério do Trabalho, administrado pelo PDT, o sindicato conseguiu um registro que reconheceu sua existência. O mesmo fenômeno ocorreu com outros seis sindicatos (mármores, reparação naval, pesca, papel e celulose, extração de óleos vegetais e material plástico). “Eu lembro dele (Bala Rocha) no ministério para conversar sobre esses sindicatos”, disse o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, que aprovou os registros. Cinco dos sete sindicatos, incluindo o de Joziane, têm o mesmo endereço como sede em Macapá. Meses antes dos registros, chegaram ao ministério denúncias sobre a condição fantasmagórica dos sete sindicatos. De nada adiantou. O Ministério do Trabalho deu vida aos fantasmas.
Começava ali a saga dos sindicatos fantasmas para controlar a federação das indústrias, que, além de um orçamento milionário, emprega cerca de 500 pessoas, número superlativo para uma economia tão incipiente quanto a do Amapá. Com a papelada do Ministério do Trabalho em mãos, os sete sindicatos obtiveram na Justiça do Trabalho o direito de ingressar na federação, mesmo sem comprovar a existência de uma única empresa filiada.
A chegada dos sete sindicatos fantasmas à federação, que contava apenas com 13, mudou o panorama. O ex-presidente da instituição Hidelgard Gurgel - pertencente a um outro clã de políticos do Amapá, naturalmente – foi afastado do cargo pela turma de Joziane. Logo depois, a mesma turma sacou R$ 150 mil, em dinheiro vivo, de uma conta da federação no Banco do Brasil, em Macapá. A operação foi ilegal – apenas o coordenador regional do SENAI tinha autorização para movimentar essa conta. Inconformado com o saque, esse funcionário prestou queixa à Polícia Federal, que abriu uma investigação sobre o assunto.
Desde que assumiu a federação, ninguém teve notícias de medidas sugeridas por Joziane capazes de transformar o Amapá numa potência industrial. Joziane, porém, tratou logo de garantir o bem estar de sua família. O marido é coordenador político da federação e tem salário de aproximadamente R$ 20 mil. O pai, a mãe, a irmã, o irmão e a cunhada de Joziane também estão na folha de pagamento, igualmente com bons salários. Ligeiríssimo, o deputado Bala Rocha também empregou os seus. A irmã e um primo garantiram cargos ligados à federação.
Bala Rocha está irrequieto. Sabe que a situação dos sete sindicatos fantasmas é provisória. Existe um processo no Tribunal Superior do Trabalho (TST) que trata da questão da legitimidade de tais sindicatos. Nos últimos meses, Bala Rocha buscou sustentação política para Joziane em Brasília. Um dos alvos de Bala Rocha foi o presidente da CNI, Robson Andrade. “O Robson me disse que o Bala esteve lá (na CNI) para pedir pela permanência de Joziane na federação”, disse à ÉPOCA Hidelgard Gurgel, o político que perdeu o cargo para Joziane. Bala Rocha não quis falar a ÉPOCA. Por meio de sua assessoria de imprensa, Bala Rocha afirmou não ter feito lobby para os sete sindicatos no Ministério do Trabalho e disse que os sindicatos não são fantasmas.
Por meio da assessoria de imprensa da CNI, Robson Andrade confirmou a visita de Bala Rocha ao seu gabinete, mas disse que não conversaram sobre questões da federação. Robson Andrade disse, ainda, que não pode interferir em assuntos das federações estaduais, que tem, segundo ele, autonomia. No entanto, após ser procurada por ÉPOCA, a CNI contratou a PwC para fazer auditoria nas seções do SESI e do SENAI no Amapá, controladas por Joziane. Os trabalhos deverão ser concluídos até o fim deste mês e levados às reuniões dos conselhos nacionais das duas entidades em Brasília. ÉPOCA apurou, no entanto, que a auditoria encontrou irregularidades de vários tipos, especialmente na contratação de fornecedores. A reportagem enviou 15 perguntas à Federação do Amapá, sem obter respostas. Encontrar Joziane Rocha é tão difícil quanto achar vestígios das indústrias filiadas à federação que ela preside.
REVISTA ÉPOCA

Senador Randolfe Rodrigues é criticado pelo próprio partido

Constituindo-se como um partido de tendências, o Psol abriga diversas correntes internas (grupos políticos), três dessas correntes publicaram notas de repúdio ao senador Randolfe Rodrigues, desaprovando sua posição junto à presidenta Dilma, com quem esteve reunido na última segunda-feira(01). 
Reprodução/InternetSegundo a nota emitida pela corrente Socialismo e Liberdade(Csol) , essa não é a primeira vez que Randolfe desrespeita as instâncias e destoa do perfil partidário defendido. “Desde as alianças eleitorais firmadas com partidos da ordem no Amapá até a absurda decisão de compor a bancada governista no senado, Randolfe demonstra que, para ele, mais valem alguns segundos na imprensa nacional do que a defesa da coerência ideológica de um partido socialista e de oposição de esquerda ao governo", diz a nota. 
A Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST) disse ainda que a decisão de reunir com a presidenta, contraria a declaração política da executiva nacional do partido, que se posicionou claramente rejeitando a política de pacto do governo Dilma e a participação nos fóruns governistas. A corrente afirma que “Randolfe definiu de que lado está, sustentando o governo Dilma e seu podre regime político, colocando a nu que sua localização na base governista não é um problema técnico como tentou passar, mas uma clara definição de lado.”
A terceira corrente psolista a se manifestar contrária ao senador amapaense foi a Ação Popular Socialista(APS), o grupo político do qual o próprio senador faz parte. A APS afirma, em nota, que ao desobedecer ao comando nacional do partido, o senador estaria rompendo com o Psol e agindo de forma submissa ao governo, atitude, totalmente contrária ao posicionamento opositor tomado pelos militantes psolistas durante todos os dias de manifestações pelo Brasil. 
As correntes manifestaram seu repúdio e declararam que, a atitude do senador do Amapá não os representa como partido político. 

Defesa

A assessoria de comunicação de Randolfe Rodrigues, em defesa às acusações, enviou uma nota assinada por Cid Bejamin, uma das lideranças do Psol. 
Entre as justificativas, a nota afirma que “no momento como o atual, em que se vive uma crise que pode ter diferentes desdobramentos e no qual Dilma tem chamado as mais diversas forças políticas para conversar, uma reunião do Psol com ela somente seria condenável em duas circunstâncias: a) se não fosse às claras; ou 2) se o partido não pudesse expor publicamente à sociedade as posições que levou à presidente. Como não se tratava disso, a Executiva do partido errou redondamente ao não aceitar o convite. Rendeu-se a uma visão pequena, própria de quem considera que fazer política de esquerda é marcar posições.” 
A nota disse ainda que Randolfe desrespeitou a decisão da executiva do partido em não comparecer a reunião, mas o fez por entender que não se trata de um momento político qualquer. 
As notas de repúdio podem ser acessadas nos sites e nas redes sociais das referidas correntes do Psol, atualmente o partido é constituído por mais de dez grupos políticos, com membros militantes de todo o Brasil.
Fonte: A GAZETA