quarta-feira, 9 de maio de 2012

Diretor do Detran/AP alega tráfico de influência para liberação de veículos e motoristas infratores

O diretor do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) no Amapá, delegado Sávio Pinto, responsabilizou o tráfico de influência para explicar a liberação de veículos e de motoristas infratores, nas operações realizadas pelo departamento. Segundo o diretor, eles se utilizam do cargo público que ocupam para justificarem a falta de regularização dos carros. A declaração foi dada no encontro entre os representes ligados a fiscalização e apuração de crimes de trânsito no Estado, ocorrido no dia 24 de abril deste ano.
O jornal aGazeta teve acesso ao documento, denominado de ATA de Reunião. O encontro, que contou com a participação de 14 representantes dos mais diversos órgãos ligados ao trânsito, foi realizado às 11 horas, no prédio da Promotoria de Justiça do MP, na Avenida Padre Júlio. 
O documento registra a fala do diretor do Detran. Como cita na ata, pessoas estariam fazendo “uso de cargos públicos para justificarem a não regularização do veículo nos casos abordados durante as operações de trânsito e o tráfico de influência de autoridades para a liberação de veículos e condutores”.
O diretor da Divisão de Fiscalização de Trânsito, Giovani Oliveira, também denunciou o “abuso de autoridades contra as equipes de fiscalização e cobrou medidas para acabar com o tráfico de influência”. A promotora de Justiça, Andrea Guedes, declarou que as “situações de tráfico de influência devem ser comunicadas pelo agente de trânsito para que sejam apuradas as responsabilidades e aplicadas às penas previstas em lei”.
A prática é comum no Estado. Mas está é a primeira vez que o assunto vem a público. Por conta do tráfico de influência, autoridades, filhos de autoridades e até mesmo pessoas próximas de “figurões” acabam se beneficiando e conseguem se manter livres de punições. 
O documento registra também a fala do promotor de Justiça, Éder Abreu. Ele revelou que “nesses casos de pessoas que aleguem serem filhos de autoridades, já existem os procedimentos legais para abordar e autuar os envolvidos”. 
O diretor do Detran defendeu que “todos sejam orientados a não fazer mais isso”. Para tentar iniciar essa prática, Sávio Pinto solicitou a doação de “câmeras para o monitoramento das ações de trânsito com o compartilhamento de imagens a todas as entidades envolvidas”. 
O encontro que debateu a elaboração de ações conjuntas no combate a violência no trânsito, também serviu para mostrar as dificuldades que as outras representações têm em compartilhar informações com o Detran. Agora resta saber se o governo e até mesmo o Ministério Público vão intervir na questão para acabar com tráfico de influência e penalizar aqueles – até mesmo figurões ou pessoas ligadas a eles – acostumados a cometerem crimes e se escondem “atrás desse tipo de artifício”.
A GAZETA AMAPÁ

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