domingo, 20 de janeiro de 2013

Mac Donalds com verba do Senado

A velha cultura brasileira das mordomias que faz com que a classe política carimbe como “coisa normal” a esperteza em pequenos gestos e gastos, é que justifica que um senador da República transfira para o contribuinte uma conta de R$ 17,75 realizada na rede de fastfood Mc Donalds. A despesa foi feita pelo senador do Amapá João Capiberibe (PSB) em novembro do ano passado. Ele solicitou reembolso do gasto ao Senado. Os dados constam do Portal da Transparência do órgão.
O aprofundamento na análise dos gastos do parlamentar foi proposta pelo próprio João Capiberibe em sua página na rede de microblogs Twitter. “A imprensa local e nacional poderia promover a transparência estimulando o debate analisando a qualidade dos gastos dos parlamentares”, escreveu ele em tom provocativo.
Para que um senador receba ressarcimento do Senado, basta comprovar as despesas com as respectivas notas fiscais. Segundo novas regras definidas pela Mesa Diretora da Casa em junho do ano passado, a verba não pode ser usada para pagamento de empresas que pertençam aos parlamentares ou parentes dele até terceiro grau.
O senador João Capiberibe integra o grupo dos dez parlamentares mais caros da República. Ele gastou R$ 405,9 mil com o chamado “cotão”, como é apelidado o dinheiro para o exercício da atividade parlamentar, então chamada verba indenizatória. Da bancada amapaense, o senador do PSOL, Randolfe Rodrigues, apresentou gastos de R$ 374,7 mil e José Sarney (PMDB) R$ 51,1 mil.
Crítico mordaz dos gastos dos parlamentares da Assembleia Legislativa do Amapá, que recebiam reembolsos da Verba Indenizatória até o teto de R$ 50 mil mensais depois reduzido para R$ 24 mil, a “qualidade” das despesas de Capiberibe também inclui, por exemplo, um gasto de R$ 12,50 na Pizzaria Tri-Legal e uma corrida de táxi de apenas R$ 8, na Coobrás Rádio Táxi. 
De acordo com a transparência do Senado, dos R$ 405,9 mil gastos pelo senador João Capiberibe, R$ 140,4 mil foram com passagens aéreas. Em seguida as despesas com locomoção, hospedagem, alimentação, combustível e até o óleo lubrificante somando R$ 122 mil. O terceiro maior gasto do parlamentar foi com propaganda de suas atividades.
Capiberibe está de férias e não foi encontrado para comentar seus gastos. Em uma de suas últimas postagens no Twitter, onde move campanha de oposição à candidatura de Renan Calheiros (PMDB) à presidência do Congresso, ele diz incluir-se no grupo de senadores “que lutamos por mudanças nos costumes políticos nada republicanos da mesa do Senado”, o que parece não incluir o zelo pelo dinheiro público.
A GAZETA

Nenhum comentário: