quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

PERIGO NA RODOVIA JK

Governo gastou R$ 2,4 milhões para revestir rodovia, mas a lama asfáltica deixou a pista com aderência de sabão; segunda-feira (6), o repórter Ney Pantaleão flagrou três acidentes em menos de 30 minutos.

Em novembro passado, em pleno verão equatorial, choveram críticas à decisão do governo estadual de aplicar “lama asfáltica” para revitalizar a Rodovia JK. Imune à opinião contrária de engenheiros e especialistas em manutenção de pistas de rodagem, o governo deu a ordem de serviço à Construtora Rio Pedreira. A obra consumiu R$ 2,4 milhões e o argumento da Secretaria de
Transportes (Setrap) era a redução do custo em 40%: a tonelada de lama asfáltica saiu por R$ 2 mil, enquanto o reparo com o mesmo volume do asfalto convencional custaria R$ 4,2 mil. Após três meses da empreitada, as chuvas chegaram e constatou-se o óbvio: o barato está saindo caro para os motoristas; molhada, a lama asfáltica produz o efeito de sabão e os carros patinam na pista provocando muitos acidentes.
No domingo (5), o efeito perverso da lama asfáltica teve como um dos alvos o repórter Ney Pantaleão, que levou sua família para um passeio. Chovia quando ele trafegava na rodovia JK no sentido Macapá/Fazendinha. Na altura do KM 06 da rodovia, quando transpunha o trecho em frente ao clube dos funcionários da empresa Domestilar, o carro rodopiou na pista molhada. Por sorte, ninguém se feriu. “A lama asfáltica transformou a rodovia JK numa arma contra os motoristas, principalmente quando chove. Por pouco, não levamos o farelo”, observou Ney.
Na segunda-feira (6), acompanhado por um cinegrafista, Pantaleão voltou ao trecho da rodovia em que seu carro havia patinado. No local, uma placa informa que a velocidade permitida é de 80 km/h. Enquanto gravava as cenas do trânsito, o repórter presenciou três acidentes em menos de 30 minutos. Dois carros e uma moto rodopiaram e bateram, mas seus condutores não sofreram ferimentos graves, ao contrário dos veículos que ficaram danificados.
“Perdi totalmente o controle do meu carro, que quase bateu no poste. O que fizeram nessa rodovia é uma brincadeira com a vida humana”, indignou-se o médico Jorge Tadeu, que seguia para Santana. “Não quero ser profeta do caos, mas se não corrigirem esse problema, muita gente vai morrer por causa da lama asfáltica”, emendou Pantaleão. As cenas captadas na reportagem foram veiculadas no Jornal 16, da TV Tarumã, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, entre 12h e 13h30.
Fica no ar a pergunta: flagrar três acidentes em menos de 30 minutos foi sorte do jornalista, azar dos motoristas ou a lama asfáltica foi uma escolha técnica equivocada do governo? Na dúvida, enquanto o governo não remenda o erro, vale à pena rezar para que São Pedro não mande uma chuva no momento que você estiver trafegando pelo trecho perigoso da JK, agora, rodovia do sabão.

A Gazeta

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