domingo, 6 de janeiro de 2013

Após anos no poder, Sarney defende proibição aos ex-presidentes da República de continuar na vida pública

José Sarney de Araújo Costa, político e escritor brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras, tendo sido o 31º presidente do Brasil, de 1985 a 1990, governador do estado do Maranhão de 1966 a 1971, e Presidente do Senado Federal de 1995 a 1997, 2003 a 2005, de 2009 a 2011 e de 2011 até a atualidade.
Bacharelou-se em Direito na Universidade Federal do Maranhão em 1953. Ingressou na carreira política em 1954 quando, filiado ao Partido Social Democrático (PSD), foi eleito suplente de deputado federal. Assumiu pela primeira vez vaga na Câmara dos Deputados em 1955, sendo portanto o parlamentar mais antigo em atividade no Congresso Nacional. Não conformado com a volta de Vitorino Freire ao PSD, migrou para a União Democrática Nacional (UDN), partido pelo qual foi eleito deputado federal em 1958 e 1962 e governador do Maranhão em 1965. Foi eleito senador em 1970 e reeleito em 1978 pela Aliança Renovadora Nacional (Arena). A partir de janeiro de 1979 presidiu a legenda. Extintos os partidos existentes com o fim do bipartidarismo, tornou-se presidente do Partido Democrático Social (PDS). Em junho de 1984, impedido de realizar prévias para escolha do candidato à sucessão presidencial, Sarney deixou o PDS e criou com dissidentes do partido a Frente Liberal, que posteriormente constituiu a Aliança Democrática com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), lançando a chapa Tancredo Neves/José Sarney. A posse dos eleitos deveria ocorrer em 15 de março, porém Tancredo foi submetido a uma cirurgia de emergência na noite de 14 de março, ficando impossibilitado de assumir. Sarney assumiu como vice-presidente em exercício da Presidência. Tancredo Neves faleceu em 21 de abril, e Sarney automaticamente tornou-se presidente. Seu mandato caracterizou-se pela consolidação da democracia brasileira, apesar de uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação e moratória.
José Sarney deixou a presidência da República e foi para a Ilha do Curupu, no Maranhão. Em abril de 1990, Sarney voltou a São Luís para comemorar seu aniversário de 60 anos.
Amigos íntimos pediram que Sarney retornasse à política. O primeiro entrave ao retorno estava dentro do próprio PMDB, que negou legenda a Sarney para concorrer ao Senado pelo Maranhão. Sarney foi sondado a mudar de partido, recebeu convite do PFL, mas decidiu se candidatar pelo Amapá. O ex-território fora elevado à condição de Estado pela Constituição de 1988. Transferiu o título de eleitor para Macapá, habilitando-se a disputar uma das três vagas de senador pelo novo Estado. Sarney foi reeleito pelo Amapá mais duas vezes, em 1998 e 2006.
Ao deixar a presidência do Senado Federal no início de fevereiro, quando o Congresso Nacional retoma os trabalhos, o senador José Sarney (PMDB-AP) terá mais dois anos de mandato. Sarney informou que, após esse período, não se candidatará a qualquer cargo eletivo. Como na política nada é eterno e o que se diz pela manhã muitas vezes não vale à tarde, o melhor é esperar.
O caudilho maranhense justificou sua decisão alegando que em 2015, quando termina seu mandato, estará prestes a completar 85 anos. Alguns meses antes, em 2014, Sarney embarcará na campanha da filha Roseana, atual governadora do Maranhão, que concorrerá ao Senado.
Ao deixar a política, Sarney terá conseguido a proeza de comandar durante mais de cinco décadas o Maranhão, fazendo com que o estado continue sendo o mais pobre do País, apesar das muitas riquezas que lá existem. 
No Maranhão, o culto à personalidade de José Sarney, coisa típica de ditadores, está em todas as partes. Prédios públicos, hospitais, avenidas, viadutos e outras tantas obras levam o nome de alguém do clã da Praia do Calhau.
No Estado do Amapá, não muito diferentemente, constata-se poucos avanços em áreas como a Saúde, Meio Ambiente e Educação. Contudo, Sarney não conseguiu tanta popularidade com os Amapaenses como em seu Estado de origem.
Diante de todo esse levantamento histórico que fiz questão de fazer, o mais interessante e contraditório é a recente declaração de José Sarney, exposta no jornal "O imparcial", de São Luiz. Na edição de 6 de janeiro, Sarney sugere a  necessidade de proibição aos ex-presidentes da República, como ele, de continuar na vida pública. Três vezes senador pelo Amapá após deixar a Presidência da República, Sarney quer que todos ex-presidentes sejam como Fernando Henrique Cardoso, o único que se mantém afastado das disputas eleitorais, e diz que seu ponto de vista deveria valer inclusive para o ex-presidente Lula, que vez por outra ensaia voltar aos palanques.

* Dados históricos coletados por meio do site do Senado

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