quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O absurdo que acontece na efetivação de matrículas

Moradores organizam lista por ordem de chegada com nomes de interessados nas vagas. Mas a prioridade das matrículas será de alunos que moram próximo das escolas, garantem Semed e Seed

Há poucos dias para o início das matrículas na rede pública de ensino, os pais de alunos já se organizavam para garantir uma vaga para os filhos. Como não é mais permitido que as dependências da escola sejam ocupadas por moradores em busca de uma vaga, justamente para evitar confusão na hora das matrículas, os próprios pais de alunos organizaram uma espécie de comissão do lado de fora dos estabelecimentos. Essa comissão era responsável por fazer uma lista por ordem de chegada com o nome dos interessados nas vagas disponíveis na escola. 
Mesmo que a lista representasse a fila de espera, o nome dos interessados não garantia a vaga. Durante toda a madrugada, era feita uma chamada a cada duas ou três horas. Quem não respondesse, era eliminado. “Um pai de aluno estava passando mal porque sofre do estômago e teve que se ausentar um instante. Ele já foi eliminado da lista porque não respondeu a chamada”, conta Cláudia Cristina Gouveia, grávida de cinco meses. Ela espera conseguir uma vaga no 2º período para a filha de cinco anos. “Não sei se vou conseguir, porque estou na lista de espera. Pois todas as vagas já foram preenchidas”, diz ela, deitada por volta de 00h15 de terça-feira (31) na calçada de uma residência ao lado da Escola Municipal Raimunda Alencar, no bairro Novo Buritizal. Junto com Cláudia, estavam mães com problemas de saúde tentando garantir uma vaga na rede municipal.
Vilma Soares, que também espera conseguir uma vaga na 1ª série para o filho de seis anos na Escola Municipal Elita Nunes Melo, no bairro Novo Buritizal, conta que houve briga no último fim de semana durante a organização da lista de chamada para vagas na Escola Municipal Moranguinho. “Uma pessoa chegou a ser esfaqueada por um pai de aluno que exigiu que o nome dele estivesse na lista”, afirma. O receio de Vilma, assim como o de muitos pais, é que as escolas não priorizem os alunos que moram próximo dos estabelecimentos.
A confusão também se estendeu para a rede estadual de ensino. Por volta de 20h de ontem (31) dezenas de pais de alunos se aglomeravam em frente à Escola Estadual Araçary Correa Alves, no bairro Perpétuo Socorro. Aos gritos, os pais de alunos reclamavam da desorganização no local.

Matrículas

A diretora de Ensino da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Maria Raimunda Nascimento, explica que não havia necessidade de formação de filas em frente às escolas antes do início das matrículas. Pois, com a chamada escolar realizada no final do ano passado pela Semed, foi possível dimensionar o número de vagas em cada estabelecimento.
A diretora também informa que os pais de alunos que não conseguirem vagas para os filhos, serão cadastrados a fim de que possam ser distribuídos em outras escolas onde houver disponibilidade de vagas. Maria Raimunda reforça que a prioridade das matrículas será de alunos que moram próximo das escolas. Ou seja, mesmo que o nome de um pai de aluno que mora distante do bairro onde fica a instituição, esteja na lista de chamada organizada pelos moradores, a vaga será daquele que mora próximo ao estabelecimento de ensino.
Essa distribuição de vagas será feita em contato direto com as escolas estaduais, já que existem instituições do Estado que ainda ofertam ensino infantil e fundamental. “Vamos trabalhar em parceria. Se tiver vaga em determinada escola estadual, os alunos que não foram matriculados na rede municipal irão para a rede estadual e vice-versa”, esclarece a diretora.
As escolas que não oferecerem mais ensino infantil e fundamental, por causa do reordenamento escolar realizado pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), continuarão funcionando com as atividades normalmente, sem prejudicar alunos e funcionários, garante Maria Raimunda. “Só o que vai mudar é a estrutura administrativa. O que era de responsabilidade do Estado passará a ser de responsabilidade do município”, diz ela. Uma comissão para organizar o processo de municipalização em Macapá, já foi formada, assim como está ocorrendo em outros municípios do Estado.

A Gazeta


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